Dom Alexandre Gonçalves do Amaral

BISPO de Uberaba em 1939 até 1962 por indicação do PAPA PIO XII, o 4º após D Luiz Maria de Sant ”Anna e primeiro ARCEPISPO da cidade de 1962 a Maio de 1978, quando renunciou juntamente com seu Administrador Apostólico Dom José Pedro Costa.

Dom Alexandre faleceu em 05 de fevereiro de 2002 tendo vivido 96 anos, 73 como padre, 39 anos de governo episcopal e 23 anos como Bispo Emérito.

Sua vida bateu três recordes impossíveis de serem repetidos,  pois foi ordenado padre aos 23 anos, nomeado bispo com apenas 33 anos e viveu 63 anos como bispo.

Pastor e evangelizador, pregador, conferencista, jornalista e escritor, ocupou a cadeira 21 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e escreveu, segundo Cesar Vanucci em seu livro “Um Certo Dom” cerca de 6.000 artigos para o Jornal “Correio Católico” que ele transformou em jornal diário e que na gestão de Dom Pedro, foi vendido para um grupo de empresários do qual participávamos e que o transformamos no “Jornal da Manhã”.

Dom Alexandre construiu o Seminário São José (Praça Dom Eduardo) e durante seu bispado trouxe a Uberaba três mosteiros contemplativos – das Beneditinas, Carmelitas e Concepcionistas. Trouxe ainda as Carmelitas da Afonso Rato, os Capuchinhos, os Padres Sacramentinos, as Irmãs do Asilo São Vicente e Orfanato Santo Eduardo.

Na década de 1940, dono de uma inconfundível voz, foi considerado o maior orador sacro do Brasil. Segundo Cesar Vanucci, apesar de conhecer bem a ortografia, se apegava em escrever seus artigos de próprio punho e utilizando a grafia antiga como “pharmácia” e não aceitava a revisão do jornal.

Foi defensor intransigente da fé, do rito e das determinações religiosas, ao ponto de usar toda a indumentária determinada pelo Vaticano, incluindo os sapatos, cujas fivelas foram responsáveis pela criação de uma chaga nos pés e que ele continuou usando até obter a dispensa desta exigência.

No governo de Juscelino Kubitschek ocorreu em Uberaba graves manifestações contra os abusos cometidos por fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais comandada por José Maria Alkimim, resultando em uma revolta dos contribuintes e que baderneiros aproveitaram para provocar atos de vandalismo, ao serem destruídos arquivos da Receita Federal que funcionava no prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba e os da Receita Estadual, instalada onde funciona hoje a Galeria de Arte de Urbano Salomão, Rua Major Eustáquio com a Rua Manoel Borges.

Na época foram presos inúmeros uberabenses, entre eles, Abel dos Santos Anjos, pai do advogado Nelson dos Santos Anjos, acusado de incitação já que, através de uma Kombi de propriedade de sua empresa de comunicação, convidava o povo a participar dos protestos.

Coube a Dom Alexandre partir para a defesa dos injustiçados em artigos virulentos contra o arbítrio através do “Correio Católico” conseguindo a vinda do então Secretario Estadual a Uberaba para apaziguar a situação.

Como o Governador Juscelino tinha interesse na eleição para Presidente da República, alem de serenar os ânimos dos uberabenses, atendeu as solicitações de Dom Alexandre, e, pouco tempo depois, deu de presente segundo relato de Frederico Frange, o prédio da antiga cadeia situada na Praça do Mercado acrescido de um bom numerário para que a Associação de Medicina de Uberaba implantasse uma Faculdade de Medicina particular,  que se transformou na UFTM, uma das grandes Universidades Federais do Brasil.

Dom Alexandre gostava também de manifestações culturais. Sua primeira visita à Casa do Folclore para apreciar o Catira do Borges, foi no final da década de 1970. Nesta época não havia grandes construções no local e sim jardins, o que levou o visitante a dizer que o local se parecia com os jardins do Éden. Disse ainda que batizaria a Casa do Folclore como Academia Brasileira do Folclore.

Acompanharam Dom Alexandre nesta visita, o Padre Hyron Fleury, Erwin Pühler, João Francisco Naves Junqueira, seu médico particular e algumas religiosas.

COISA NOSSA UBERABA – Dom Alexandre Gonçalves do Amaral -Depoimento na Casa do Folclore- 02- AA3787.

NESTE VÍDEO. – PALAVRAS DE DOM ALEXANDRE FALANDO SOBRE O CATIRA.

Este documentário pertence ao acervo da Casa do Folclore e foi postado em 25 de dezembro de 2013.