João Guido

JOÃO GUIDO – UM LEGADO DE REALIZAÇÕES

Em 09 de Outubro de 1966, em pleno velório do proprietário do Jornal Lavoura e Comercio, Quintilliano Jardim, o presidente da ACIU, Edson Simonetti, acompanhado de diversos diretores, levou ao conhecimento de João Guido a decisão de cerrar fileira em torno de sua candidatura a Prefeito de Uberaba.

A coligação da ARENA na eleição a ser realizada em 15 de novembro de 1966 era formada por João Guido, José Thomas da Silva Sobrinho e Helvécio Moreira de Almeida e tinha como único oponente Francisco Lopes Veludo (MDB).

Veludo, apesar de individualmente obter o maior número de votos, (7854), teve votação inferior à soma da coligação da ARENA I – II e III – (16.120). João Guido, com 6.830 votos, foi declarado o vencedor do pleito.

A primeira vez que se candidatou em 1962, apesar de bem votado (8.376),em um universo de 24.000 eleitores, João Guido perdeu a eleição por cerca de 700 votos para Artur de Melo Teixeira, que, pela segunda vez, ( a primeira em 1952) se sagrou vencedor.

Seguindo os passos de seu pai, empresário Santos Guido, vice-presidente da ACIU na 1ª gestão de Paulo José Derenusson, (1929/19323), João Guido também faz parte da história da Entidade. De 1949 a 1951, foi vice-presidente na gestão de Arlindo de Carvalho e eleito presidente para o período de 1952 a 1953.

Nesta época a cidade dependia da energia elétrica fornecida pela Usina Pai Joaquim e sua capacidade era insuficiente para atender as demandas. Coube à diretoria da ACIU, presidida por João Guido, envidar esforços junto ao Governo Mineiro para sua ampliação.

Foi em sua gestão que novas políticas sobre o salário mínimo foram implantadas, exigindo da Entidade, constantes contatos com autoridades federais e empresários. A ampliação da malha rodoviária e a construção do prédio dos Correios se deve, em grande parte, a atuação desta diretoria.

Frente à Prefeitura, apesar de suas inúmeras obras em todos os setores, a mais destacada é a do “Estádio Municipal Engenheiro João Guido” do qual foi o arquiteto. O Estádio é conhecido popularmente como “Uberabão”.

Com suas obras iniciadas em 1962 pelo empresário Edgar Rodrigues da Cunha, a área do Estádio acabou sendo doada à Prefeitura em 1967. Reiniciada no governo de João Guido, (1967/70), passou pela gestão de Randolfo Borges Junior, (1970/1971) e foi inaugurada em 10/06/1972, no governo de Arnaldo Rosa Prata, (1971/1973) – mandato tampão). Uma festa que contou com a presença do governador Rondon Pacheco e do Presidente da CBD, João Havelange.

Todavia, sua obra mais importante foi a parceria com a CODEMIG que resultou na implantação do primeiro DI-Distrito Industrial de Uberaba, inaugurado em 1971 e que recebeu em 2018 a denominação de “SAULO BÓSCOLO”.

A primeira a se transferir para o DI I foi a Cia. Têxtil do grupo Martins Fontoura, a maior indústria de Uberaba, que saiu de seu endereço na praça Doutor Adjuto, para dar inicio ao processo de expansão industrial.

A CODAU, recém-instalada, (1966), se consolidou com a nova diretoria comandada por Mario Grande Pousa, ex-presidente da ACIU na gestão de de 1961/1962.

Foi no governo de João Guido que se deu a grande transformação do sistema tributário brasileiro. Inserida na Emenda Constitucional 18/65 e regulamentada pelo Decreto-Lei 406 de 31/12/1968, o ICM fez uma revolução nos cofres municipais. A era das penúrias das Prefeituras, iriam ficar para trás.

Um fato curioso se deu nesta gestão. Convidado pelo Ministério das Relações Exteriores a visitar a Alemanha, adversários políticos se aproveitaram do fato de João Guido não se ter solicitado permissão da Câmara para se ausentar, fizeram a tentativa de cassar o seu mandato. Todavia, a Radio Sociedade, dado a grande repercussão sobre este fato, fez uma consulta à população. Num universo de 4.000 pessoas, 80% se manifestaram contra este ato, o que influenciou a decisão da Câmara em rechaçar esta tentativa.

Em seu retorno à cidade, houve gigantesca recepção popular para manifestar seu apoio ao Prefeito e em repúdio ao ato de seus adversários.

Em 14 de maio de 1970 João Guido renuncia ao cargo para se candidatar a deputado federal, elegendo-se em Novembro com mais de 28.000 votos, deixando a Prefeitura para seu vice, Randolfo Borges Junior, até o fim do mandato em 31 de janeiro de 1971.

Na Câmara Federal, através de seu pronunciamento em 07 de Outubro de 1971, o Brasil toma conhecimento do projeto da “QUIMIG” de implantar às margens do Rio Grande, o maior complexo petroquímico de Minas Gerais, fazendo de Uberaba um centro industrial expressivo e pioneiro no gênero. Um grande trabalho, um grande sonho que se concretizou através da implantação das grandes empresas no polo-petroquímico do DI III.

Formado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1942, era sócio de seu pai, Santos Guido, atuando no ramo de engenharia e de materiais de construção nos endereços da Martins Francisco contando com o apoio de Renato dos Santos, (Vereador em 1983) e da loja na rua Vigário Silva com a participação de Odilon Fernandes.

João Guido, falecido em 14 de novembro de 1988, aos 72 anos de idade, era casado com Beatriz Moura Teles Guido, uma das fundadoras da Casa do Menino e deixaram cinco filhos, Paulo Roberto, Gilberto, José Luis, Antonio Augusto e João Eduardo.

Apagou-se a chama de sua vida, mas deixou um grande legado representado pela sua família, pelas obras realizadas, pelo exemplo de líder empresarial e pela transparência em suas atividades políticas.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex-Presidente da ACIU e do CIGRA.

Fontes – Guido Bilharinho – Jornal da Manhã – Arquivo Público – ACIU –Dados Eleitorais – Tião Silva.