
JOAQUIM DOS SANTOS
MARTINS – A SAGA DOS MARTINS
Em 1909, a família de Manoel Maria Martins, fugindo da
miséria reinante em grande parte de Portugal, escolheu o Brasil como porta da
esperança de uma nova vida. O vasto oceano em que navegava só não era maior do
que a saudade do que ficava.
Quando Manoel Maria desembarcou no Rio de Janeiro, tinha
apenas 13 anos. Todavia, dotado de grande talento para negócios, aos 20 anos já
era importador de gado holandês para revenda em Minas Gerais.
Em Guaxupé, se casou com Cândida Ribeiro do Vale,
herdeira de uma das mais tradicionais famílias de cafeicultores da região.
Desta união nasceram Joaquim, Luiz, José, Maria Delfina, César Sebastião e
Manoel.
Manoel Maria era o próprio símbolo do
empreendedorismo. Sempre dizia que dinheiro mal ganho, é dinheiro malgasto.
Durante a 2ª guerra mundial comprou um navio
inteiro de sal para suprir demandas impostas pelas dificuldades de época. Em
Guaxupé implantou uma indústria de beneficiamento de café, garantindo o
abastecimento com pagamento antecipado de colheitas cafeicultores. Em São Paulo
construiu dois supermercados e um cinema no bairro do Ipiranga.
Em 1961 chega à Uberaba acompanhado da esposa e dos
filhos, José, Maria Delfina e César Sebastião.
Joaquim, o filho mais velho já se encontrava em
Uberaba quando Manoel Maria adquiriu o controle da SOMIL, concessionária de
veículos Volkswagen, localizada na Av. Fernando Costa.
Fundada em 1959 por Silvio Mendonça, a revenda muda
o nome em 1961 para “DISTRIVE”.
Os filhos, por sua vez, se lançam nas atividades
comerciais, criando raízes na cidade.
José Ribeiro Martins, cafeicultor em Guaxupé,
co-fundador do Lions Uberaba, diretor da ACIU, pescador e amante da música
sertaneja, criou uma empresa de móveis e uma revenda de gás na rua Artur
Machado que o tornou mais conhecido como “Zé do Gás”.
Casado com Orminda Ribeiro do Vale, viu sua família
se consolidar com o nascimento dos filhos José (Zezinho), Inês, Marisa, Marília
e Ana Lia.
Maria Delfina ampliou o número de netos de Manoel
Maria com as meninas Maria Cândida e Lúcia.
César Sebastião Martins, casado em segundas núpcias
com Kely Rosa, por muitos anos foi diretor de outra distribuidora de carros –
DISAUTO – do grupo da família, localizada na confluência das Avenidas
Leopoldino de Oliveira com a Santos Dumont. Foi também cafeicultor e produtor
de semente de soja. Atualmente é produtor de cana-de-açúcar.
Associativista por natureza, César Sebastião
assumiu a presidência da ACIU nos anos 1990/1991. Em uma gestão profícua, entre
outras atividades, criou o Balcão de Negócios. Em sua gestão a Faculdade de
Ciências Econômicas se transferiu para o novo Campus. Foi o primeiro presidente
a admitir mulheres em sua diretoria.
De seus dois filhos do seu primeiro casamento,
apenas Letícia sobreviveu.
Joaquim dos Santos Martins, nos primeiros anos em
Uberaba, associou-se aos irmãos Morethson – Caio e Audley – na Casa das
Máquinas, estabelecida na rua Artur Machado, esquina com a Avenida Getúlio
Vargas.
Com o falecimento do pai, Joaquim assumiu a direção
da DISTRIVE que, ao longo do tempo, se transformou na empresa líder em vendas
de veículos da cidade e da região.
Sempre contou com o apoio do tio Alfredo, irmão e
sócio de Manoel Maria em uma concessionária de veículos em São Paulo.
Empreendedor nato, Joaquim, que herdou o pendor do
pai para os negócios, se lançou como empresário em vários segmentos da economia
de Uberaba e região.
Em 1968 nos tornamos sócios através da empresa de
reflorestamento TRIFLORA e percorremos o mesmo caminho por cerca de trinta anos
deixando pelos caminhos da vida, um bom rastro de empresas.
São destaques deste tempo, entre outras, a fábrica
de plásticos, PLASTIMINAS, indústria de balas ORIENTE, indústrias de Óleos
Essenciais, fazenda de gado leiteiro – SINOS DE BELÉM, a “TRIFLORA TRATORES” em
Paracatu, a “MINASFLORA”, a CONSTRUTORA CHAPADÃO, as fazendas com lavouras de
café, soja e arroz, indústria de madeiras MINASPLAC (DURATEX), em sociedade com
José Alencar Gomes da Silva, carvoeiras, loteamentos urbanos e o JORNAL DA
MANHÃ, do qual foi Presidente por dez anos, tendo ao seu lado o Diretor
Tesoureiro Edson Prata e Gilberto Rezende como Diretor Administrativo.
Além de participar da administração das inúmeras
empresas correlatas ao Reflorestamento como a AGROMEC, TERRA, AGRO-INDÚSTRIA
TRIÂNGULO, UBERFLORA, PLANTIL e FLORYL, (associada à SHELL), Joaquim encontrava
tempo para adquirir e plantar diversas fazendas desta região, transformando os
“MARTINS” num dos maiores produtores de soja e milho de Minas Gerais, ao lado
das expressões do agronegócio como os Guidi, Fuzaro, Detoni e outros.
Esparramou suas raízes através de seu casamento com
Ivonete Cortes Martins, (hoje com 95 anos), gerando os filhos Paulo Tadeu,
André e Loló, da terceira geração.
Paulo Tadeu, o mais velho, casado com Sandra Mendes
Martins, médico e empresário através da criação da “CRU”- Clínica Radiológica
de Uberaba, passou a se dedicar posteriormente à produção de cana-de-açúcar.
Foi ele que deu início à 4ª geração dos Martins com o filho Fernando e as
filhas Paula e Mônica.
André Martins, casado com Cristina Duarte Martins,
é o Diretor Presidente da DISTRIVE e implantou uma rede de Postos de
Combustíveis. Joaquim Neto, André Filho e Marcela são os seus filhos que já
transformaram o pai em avô.
Loló, casada com Cláudio de Castro Cunha, agricultor
e pecuarista, é mãe de três filhas -Andreia, Silvia e Manuela – e avó de três
netos.
Fernando, produtor rural é o filho mais velho de
Paulo Tadeu, e o responsável pelo início da 5ª geração, com seus cinco filhos –
Maria, Pedro, José, Tereza e Francisco.
Esta é a saga de uma família de imigrantes que, em
pouco mais de 100 anos, deixa exemplos de trabalho para as futuras gerações.
É a história de pessoas determinadas que o destino
trouxe para Uberaba a 57 anos e que desde estão vêm contribuindo para reforçar
os pilares de nossa economia.
Maria Delfina, José e Joaquim já faleceram. Os dois
irmãos, por coincidência, no mesmo ano, em 2003. Por uma fatalidade, Paulo
Tadeu, filho mais velho de Joaquim, veio a falecer em 2019.
O que não pode morrer é a o exemplo dado pelos que
são hoje, apenas saudades. Há que se registrar o amor e o apego à família. Da
garra dedicada ao trabalho em prol da comunidade.
Falta erigir um marco que possa resgatar esta
memória. Eles fizeram a sua parte. Cabe a nós fazer a nossa.
Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de
Letras do Triângulo Mineiro, ex-Presidente da ACIU e do CIGRA e ex-diretor do
Grupo TRIFLORA